quinta-feira, 13 de março de 2008

LUCRO DO BB, A DÚVIDA É: CAIU 16,32% OU SUBIU 35,09%?

Pablo S. M. Ruiz Diaz*

Prezados colegas:

Quando estudamos matérias relacionadas às Ciência Contábeis, aprendemos que existem para efeito de análises de desempenho, dois regimes de avaliação: a) Regime de Competência ; b) Regime de Caixa.

O Regime de Competência considera o desempenho operacional de uma empresa num determinado período (mês trimestre, semestre ou ano). Avalia se deu lucro, se ficou no equilíbrio com lucro zero ou se deu prejuízo.

O Regime de Caixa considera a efetiva movimentação de caixa, entradas e saídas na conta bancária, o dinheiro que circula no caixa da empresa.

Assim sendo, lemos, ouvimos e vimos manchetes estrondosas que repetiram sem maiores reflexões: “Lucro do Banco do Brasil cai 16,3% em 2007”. Será? Caberia uma leitura apurada sobre as manchetes superficiais e tendenciosas.

Quanto ao lucro do BB em 2006, pesquisando o sítio Diário Econômico.com http://diarioeconomico.com/edicion/diarioeconomico/internacional/empresas/pt/desarrollo/744061.html lê-se :

“Numa nota disponível na sua página 'on-line', a instituição financeira explica que "este resultado contempla o efeito extraordinário positivo de 2,37 mil milhões de reais (863,5 milhões de euros), líquido de impostos, resultante do Fundo Paridade Previ, da Provisão Extraordinária para Risco de Crédito, da Ativação de Crédito Tributário e da Recuperação de Indébito Tributário".

Ou seja, o aporte de 2,3 refere-se ao regime de caixa, quando um valor que foi gerado em períodos anteriores e era de direito do BB . Logo, não faz parte do lucro operacional do período 2006, é um lucro recuperado. Analisando o quadro do desempenho do BB desde 2002, verificamos conforme quadro abaixo considerando o aporte extraordinário de R$ 2,3 bilhões:

Ano

Lucro em R$

Crescimento

2002

2.028

2003

2.381

17,42%

2004

3.024

27,01%

2005

4.154

37,35%

2006

6.044

45,52%

2007

5.058

-16,32

A partir da análise, verificamos que houve um recuo de 16,32% em números absolutos. Lembremos contanto, que se trata de uma RECEITA EXTRAORDINÁRIA, que não foi gerada em 2006 e sim em períodos anteriores, ainda que tenha entrado no caixa do BB no ano passado. Não cabe a análise de desempenho se o período não gerou esse lucro.

Como ficaria a análise de desempenho operacional do BB se subtraíssemos a RECEITA EXTRAORDINÁRIA? Veja o quadro abaixo :

Ano

Lucro em R$

Crescimento

2002

2.028

-

2003

2.381

17,42%

2004

3.024

27,01%

2005

4.154

37,35%

2006

3.744

-9,85%

2007

5.058

35,09%

Pelo Regime de Competência , observamos um crescimento 35,09% no Lucro Operacional do BB em 2007 em relação ao desempenho de 2006. Ou seja, a despeito dos gastos extras com o PAA, o ESFORÇO DO FUNCIONALISMO DO BB AUMENTOU A LUCRATIVIDADE DO BB EM 35,09%.

Por que nossa preocupação com esta questão??

1º) A imprensa como um todo (Jornalões, jornalecos, imprensa marrom, amarela, azul, a que apoiou a privataria, o desmonte do estado brasileiro a preço de banana) procura desqualificar os Bancos Públicos. É uma guerra velada que sempre produz manchetes desabonadoras contra os bancos públicos;

2º) O discurso de cima para baixo na hierarquia do BB usará os “manchetões “ para argumentar que precisamos aumentar o desempenho, que foi ruim, que o lucro caiu, etc. Nada mais conveniente e ancorado na ignorância dos fatos. Este discurso só fará aumentar a PRESSÃO POR METAS, ASSEDIO MORAL E DESRESPEITO COM UM FUNCIONALISMO QUE FEZ O LUCRO AUMENTAR, A DESPEITO DO DESCARTE IRRESPONSÁVEL DO “CAPITAL HUMANO”, CUJO MAIOR PECADO ERA TER MAIS DE 50 ANOS;

3º) Alerta ao funcionalismo para não acreditar neste discurso uníssono de papagaio, onde há apenas repetição sem reflexão. Como dizia Goebbels , homem forte da propaganda nazista : Uma mentira se contada mil vezes, se torna verdade.

4º) O que acontece com o lucro que o funcionalismo gera para a BRASILCAP, BRASIL VEÍCULOS, BRASILPREV e tantas outras? Alguém sabe explicar por que se trabalha tanto para vender produtos cuja maior parcela dos lucros não fica no BB.

5º) PARABÉNS AO VALOROSO FUNCIONALISMO DO BB POR SUPERAR AS METAS, AUMENTAR O LUCRO, A DESPEITO DE UM COMANDO QUE NÃO ENXERGA SEUS FUNCIONÁRIOS COMO ALIADOS, APENAS COMO NÚMEROS.

Pablo S. M. Ruiz Diaz é economista e diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba

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