terça-feira, 8 de abril de 2008

EM CURITIBA, ESTUDANTES TOMAM A CÂMARA PELO PASSE LIVRE

Estudantes de Curitiba voltaram a se manifestar pelo passe livre na tarde desta terça-feira (8), menos de uma semana depois em que dezenas de alunos foram espancados pela Guarda Municipal. Desta vez, os estudantes se concentraram na câmara para acompanhar a reunião da Comissão de Segurança que ouviu as explicações da Guarda e da prefeitura sobre os incidentes.

Na quarta-feira (2) da semana passada, durante as manifestações em Curitiba da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Educação, promovidas pela UNE e Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), um protesto com centenas de estudantes ocupou por algumas horas um tubo de ônibus pelo passe livre na capital paranaense.


A Guarda foi acionada e reagiu com violência, usando catetes, aparelhos de choque e gás de pimenta para dispersar a manifestação. Pelo menos um estudante, André Luís de Almeida, 17 anos, do Colégio Loureiro Fernandes, ficou internado por 24 horas no hospital em função das agressões que sofreu.


No mesmo dia dos incidentes a Guarda Municipal foi chamada à câmara para dar explicações. Na ocasião a Guarda negou a ação e nesta terça (8) ocorreu uma segunda reunião para tratar o caso. Desta vez a prefeitura também foi convocada.


A reunião


Assim como ocorreu na quarta passada, a guarda negou hoje novamente que a ação do dia 2 foi violenta. A prefeitura também se eximiu da responsabilidade.


''É muito negativo a violência que ocorreu, mas agora querem se utilizar disso para renegar o debate do passe livre. Queremos mais do que punir os culpados pela truculência da última quarta. A maior violência acontece todos os dias quando um estudante, por falta de políticas de acesso à escola, deixa de estudar”, afirmou ao Vermelho Ismael Cardoso, presidente da Ubes.


Ele também disse que o ocorrido não intimidou os estudantes. “Vamos voltar às ruas na semana que vem. A idéia é terminar o protesto em frente à prefeitura. Não vamos nos intimidar com o uso da violência que tem sido praticada. Nossa luta é para pressionar a prefeitura pelo passe”, agrega.


Passe livre


Curitiba e Belo Horizonte são as únicas capitais do país que não possuem nenhum tipo de política de passe estudantil. A proposta da Ubes e da Upes (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas) é pelo passe livre, mas Ismael alerta que as entidades estão abertas para o diálogo.


“O passe livre, como acontece na cidade do Rio de Janeiro – através do subsídio do governo e isenção de impostos às empresas de transporte – é o ideal. Mas estamos abertos ao diálogo para que em Curitiba outros tipos de políticas, como a do meio-passe, sejam implementadas. O importante é mudar, porque do jeito que está é impossível ficar”, explica Ismael.


Segundo ele, as entidades promoverão ampla campanha na cidade para denunciar o que aconteceu no dia 2 e cobrar a implementação do passe livre.


“Vamos colocar dezenas de outdoors em pontos estratégicos da cidade para chamar a atenção da população para esta necessidade. Não podemos perder a oportunidade de garantir, com ampla mobilização, que o passe se torne realidade para os estudantes”, disse.


Protesto


Cerca de 500 participaram do protesto de hoje. Ao chegar na câmara o protesto deu uma volta na câmara e tomou um dos saguões de entrada do prédio.


Na reunião, porém, nem todos puderam entrar. Somente os estudantes agredidos e os diretores das entidades estudantis da Ubes, da Upes, da UPE (União Paranaense de Estudantes) e da Umesc (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Curitiba) a acompanharam.


Aqueles que não puderam entrar se aglomeraram na entrada da sala onde estava acontecendo o inquérito e cantaram palavras de ordem pelo passe livre e contra o prefeito Beto Richa (PSDB).

Apesar da segurança da Câmara barrar a entrada dos alunos, não houve tumulto. Os estudantes permaneceram concentrados na entradas por cerca de meia hora e marcaram novas manifestações para o dia 17.


Solidariedade


A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) distribui panfletos durante a semana passada e nesta em solidariedade aos estudantes agredidos e em apoio ao passe livre. O texto, assinado por dezenas de entidades dos movimentos sociais, cobrou que os culpados pela violência sejam punidos e exige que o passe livre seja implementado pela prefeitura.


O secretário-geral do PMDB do Paraná, João Arruda, também enviou mensagem à diretoria da Upes solidarizando-se com os estudantes. Na mensagem, Arruda condenou a agressão e disse que num eventual governo do PMDB na cidade haverá passe livre.


Ele também lamentou a truculência da polícia: ''o PMDB do Paraná lamenta a truculência da guarda municipal que reprimiu uma manifestação pacífica dos estudantes pela ampliação da gratuidade do passe escolar no município''.


Fonte: Vermelho


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