sábado, 3 de outubro de 2009

PLR: O BODE NA SALA DOS BANCÁRIOS

J. Tramontini*

Desde os anos 1990, os bancários convivem com a Participação nos Lucros das empresas em que trabalham. Todo mês de setembro, com a corda no pescoço, pelas dívidas acumuladas ao longo do ano, na tentativa de manter um padrão de vida que o parco salário não pode sustentar, os bancários contam com a PLR para quitar seus débitos.
 

No entanto, assim como o governo FHC “substituía” o reajuste salarial por abonos nos bancos federais, a PLR cumpre o nocivo papel de “completar” o mirrado salário. Cada real aumentado na dita participação, sobre a qual não incide INSS ou FGTS, mas sim Imposto de Renda, significa, de fato, a diminuição do índice de reajuste. Com isso, vai-se achatando, cada vez mais, os salários dos trabalhadores bancários.

Nessa campanha salarial, a Federação dos Bancos colocou um bode na sala dos bancários. Apresentou uma “proposta” de reajuste que mal cobre a inflação e a redução drástica dos valores da PLR. Com isso, parte da categoria e do Comando Nacional dos Bancários, responsável pelas negociações com os patrões, concentra todas as suas atenções no abono disfarçado. A corda no pescoço, cada vez mais apertada, leva muitos companheiros a pensar apenas na imediata cobertura do cheque especial e afins, esquecendo do futuro de centenas de milhares de trabalhadores.

As negociações prosseguem sem solução e, infelizmente, concentradas na tal PLR. Corre-se, portanto, um grave risco. De, repentinamente, os banqueiros “bondosamente” restabelecerem os valores anteriores da PLR e, com isso, parte dos bancários ainda agradecer ao patrão por ter retirado o bode da sala, abandonando todo o restante das justas reivindicações.

Assim, faz-se necessário uma reflexão mais séria sobre a realidade da categoria. Será mesmo a PLR o centro da campanha salarial? Contribui mesmo a PLR para a renda dos bancários, ou apenas serve para achatar os salários já minguados?

Com o movimento se ampliando nos últimos anos, é momento de valorizar os trabalhadores, resgatando o orgulho de cada bancário em sua profissão. É hora de pautar, como prioridade, a recomposição dos salários, a isonomia de direitos entre novos e antigos, a contratação imediata de mais bancários.

Essa é a forma de valorizar cada trabalhador e de garantir melhores condições de trabalho e vida, não só para os atuais bancários, mas também para as gerações futuras.

E a única maneira de conquistar essa valorização é com a luta, com a ampliação e radicalização da greve.


J. Tramontini é dirigente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e membro da Coordenação Nacional dos Bancários Classistas

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