quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Intelectuais em defesa da humanidade homenageiam Niemeyer


A Rede das redes internacionais de intelectuais e artistas em defesa da humanidade emitiu uma emocionada nota homenageando o arquiteto Oscar Niemeyer. Leia a íntegra:

Por toda a nossa vida sempre, Presente!

Nós, intelectuais e artistas em defesa da humanidade buscamos mil formas de dizer até. Descobrimos em Saramago uma mensagem linda no seu centenário. Decidimos navegar por ela porque navegar é preciso, viver não é preciso. 

"Creio que não se tem reparado numa das maiores diferenças existentes entre o português e outras línguas neolatinas. Um espanhol, um italiano ou um francês, no dia do seu aniversário, dirão, com uma expressão algo insegura: 'Hoje cumpro xis anos'. Como se não tivessem bem a certeza de os haver cumprido de acordo com as regras e as disciplinas estabelecidas pelos diversos mentores sociais. Nós, portugueses, nós, brasileiros (acabo de comprová-lo no Aurélio) não cumprimos anos, fazemo-los. Já se pensou no bonito que é mexer no tempo, empurrá-lo, estendê-lo, empurrá-lo, e a isto chamo eu vida, e de repente começar a receber e-mails, cartas, chamadas telefônicas de parentes e amigos que nos dizem: 'Parabéns, mais um ano'. E nós respondemos: 'Bom trabalho me deu, mas aí está, feito'. Aí estão agora estes cem, feitos por Oscar Niemeyer, amassados de todas as esperanças e razões do mundo, entregues nas mãos do futuro, com estas palavras de promessa: 'Aqui estive, aqui estou, aqui me encontrarão sempre'. Querido Oscar, até ao próximo ano."


Com estas palavras Saramago festejou o amigo de tantas primaveras. 

Oscar, essência do viver, pleno de sonhos, dissipando ternura, doando-se, criando, mudando num esforço secular todas as formas de tornar o mundo mais lindo e melhor, embora costumasse dizer que a vida é mais choro que riso. 

Hoje, nesta noite de dezembro estamos chorando com todos os sentidos em todas as latitudes. Como prognosticava – a vida é um sopro. E, num sopro, você partiu. Uma tristeza imensa invadiu nossos corações. 

Querido amigo, mensagens de amor chegam de todos os cantos do mundo, o samba pede licença para cantá-lo, os pássaros brincam num vaivém delineando curvas entre as montanhas que brincaram no seu pedacinho de carvão de onde saíram milhares e milhares de desenhos, de concreto retorcido, transformando tudo como se todos fossem tomar o céu de assalto. Você demonstrou que tudo pode ser mudado, moldado, que sim o mundo pode ser melhor e mais bonito. 

Não vamos secar as lágrimas, não vamos deixar de dizer seu nome, nem mesmo de rir de suas brincadeiras, nem de amar desenfreadamente a vida – vamos parafrasear Saramago e repetir sempre: "Aqui estive, aqui estou, aqui me encontrarão sempre". 

Rede internacional das redes de intelectuais e artistas em defesa da humanidade 
Rio, de janeiro 05 de dezembro de 2012

Fonte: Vermelho

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